quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Cuidados Continuados (4ª parte)

(continuação)
3.Equipas hospitalares
·Equipas de gestão de altas – constituídas por profissionais de várias áreas com a finalidade de preparar a alta clínica (a saída do hospital) de um utente, com problemas de saúde e/ou sociais, que necessita de acompanhamento especializado, referenciando-o para a rede nacional de cuidados continuados integrados;
·Equipas intra-hospitalares de suporte em cuidados paliativos – constituídas por profissionais de várias áreas com formação em cuidados paliativos com a finalidade de, nos vários serviços do hospital e desde que sejam solicitados para tal, prestar cuidados a doentes internados e aconselhar e orientar quanto à intervenção nestes utentes em estado avançado ou terminal;

4.Equipas domiciliárias
·Equipas de cuidados continuados integrados – constituídas por profissionais de várias áreas e em articulação com o Centro de Saúde com a finalidade de prestar serviços ao domicilio a utentes com dependência funcional, com doenças terminais ou em casos de convalescença cuja situação não requeira internamento, mas que por outro lado não lhes permita deslocar-se de forma autónoma, com a vantagem de contactar mais com a família e meio que rodeiam o utente;
·Equipas comunitárias de suporte em cuidados paliativos – constituídas por profissionais de várias áreas com formação em cuidados paliativos com a finalidade de apoiar, aconselhar e dar formação às equipas de cuidados integrados, nas unidades de média duração e reabilitação, nas unidades de longa duração e manutenção e aos familiares/cuidadores relativamente a esta área, mas também avaliar e intervir em casos que necessitem desse tipo de cuidados nesses locais de internamento ou no domicílio.

As unidades e as equipas mencionadas podem funcionar em conjunto e partilhar os mesmos espaços, sendo muito comum encontrar num mesmo local uma Unidade de Média Duração e Reabilitação (UMDR) e uma de Longa Duração e Manutenção (ULDM). O funcionamento destas unidades e equipas só é possível pela sua articulação com os Hospitais, com os Centros de Saúde e com vários outros serviços comunitários.

Saiba ainda que no distrito de Castelo Branco se encontram em funcionamento unidades de cuidados continuados:
- na Santa Casa da Misericórdia de Idanha-a-Nova – UMDR e ULDM;
- na Santa Casa da Misericórdia do Fundão – UMDR e ULDM;
- no Centro Social Padre Tomás de Aquino de Azevedo, no Orvalho – ULDM.

Se quiser conhecer um pouco mais sobre a Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados vá a www.rncci.min-saude.pt.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Cuidados Continuados (3ª parte)

Os cuidados continuados são prestados em diversos locais, sendo diversos também os tipos de unidades e de equipas, de acordo com as necessidades dos utentes.
As unidades são espaços (pisos, edifícios, salas) que foram criados em edifícios já existentes ou construídos de raiz para neles serem efectuados cuidados continuados.
As equipas são constituídas por profissionais de variadas áreas que se deslocam onde for necessário actuar – os serviços de um hospital, à casa das pessoas, etc.
Assim, no âmbito da prestação destes cuidados existem:

1.Unidades de Internamento
·Unidades de Convalescença – estão integradas no espaço físico de um hospital ou de outra instituição e funcionam em articulação com o hospital; o utente, com perda transitória de autonomia potencialmente recuperável, pode ser admitido nesta unidade depois de ter estado internado num hospital por uma situação aguda, recorrência de um problema ou alguma descompensação de uma doença crónica; este é sujeito a cuidados e acompanhamento especializado contínua e intensivamente com a finalidade de o estabilizar a nível clínico e funcional, avaliar e reabilitar; destinam-se a internamentos até 30 dias consecutivos;
·Unidades de Média Duração e Reabilitação (UMDR) – diferenciam-se das unidades de convalescença apenas por possuírem espaço físico próprio e por se destinarem a internamentos de 30 a 90 dias consecutivos.
·Unidades de Longa Duração e Manutenção (ULDM) – funcionam num espaço físico próprio; o utente com doenças crónicas ou com diferentes níveis de dependência e que não reúna condições para ser cuidado no domicílio pode ser admitido nestas unidades; este é sujeito a cuidados e acompanhamento especializado com a finalidade de prevenir e/ou retardar o agravamento da situação de dependência, favorecendo o conforto e a qualidade de vida; destinam-se a internamentos até 90 dias, em situações temporárias por dificuldades de apoio familiar ou necessidade de descanso do principal cuidador, ou mais de 90 dias consecutivos, podendo ser de carácter permanente;
·Unidades de Cuidados Paliativos – podem funcionar num espaço físico próprio ou estar integradas no espaço físico de um hospital; o utente em situação clínica complexa e de sofrimento, decorrente de doença severa e ou avançada, incurável e progressiva, nos termos do Programa Nacional de Cuidados Paliativos do Plano Nacional de Saúde pode ser admitido nestas unidades; este é sujeito a cuidados e acompanhamento especializado com a finalidade de favorecer o conforto e a qualidade de vida;

2.Unidades de ambulatório
·Unidades de Dia e de Promoção da Autonomia – funcionam em articulação com outras unidades da rede de cuidados continuados, por exemplo, com os centros de saúde ou com os hospitais; o utente tem algum grau de dependência mas não reúne condições para receber cuidados ao domicílio, tendo de se deslocar da sua residência até ao local onde são prestados os cuidados e o acompanhamento especializado; funcionam nos dias úteis e durante oito horas diárias, no mínimo;

(continua)

Cuidados Continuados (2ª parte)

Como irão ser prestados os cuidados continuados?
Mediante a intervenção de uma equipa multidisciplinar, ou seja, de profissionais de várias áreas de actuação, que se vai centrar na pessoa com necessidades e na sua família identificando e prestando todos os cuidados que estes necessitem.
Estes cuidados poderão ser de carácter preventivo, curativo, de reabilitação e paliativo, nomeadamente:
- apoio psicológico e social;
- ajuda nas actividades da vida diária, como comer, tomar banho, limpeza da casa e das roupas, etc;
- na relação entre o utente e a sua família e vice-versa, informando e ensinando a família a lidar com o utente (como o podem ajudar, o que podem e não devem fazer, etc) e o individuo a interagir e a ajudar a sua família a ajudá-lo;
- cuidados de saúde, médicos, de enfermagem, de fisioterapia, etc, para que o individuo possa alcançar um bom estado de saúde, para se possível promover a sua autonomia e diminuir as suas incapacidades, para lhe reduzir os sintomas, nomeadamente a dor, e para proporcionar bem-estar, actuando ou não directamente sobre a doença.

Assim, os cuidados que são prestados podem ser muito diferenciados, tal como os indivíduos e as famílias que usufruem desse acompanhamento.
Por exemplo, podem beneficiar destes cuidados continuados, independentemente da sua idade e da origem do problema, pessoas com pouca autonomia e dependentes de terceiros, indivíduos que necessitam de mais cuidados de saúde ou por períodos de tempo mais prolongados, pessoas com doenças crónicas ou terminais, entre outros. É o caso daqueles que tiveram um AVC, que têm Alzheimer, cancro, de idosos fragilizados ou já acamados, etc.

Para que isto seja possível as equipas de cuidados continuados integrados são constituídas por médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, psicólogos, assistentes sociais, profissionais de limpeza, entre outros. O número de profissionais e as suas competências estão de acordo com as características da região onde essa equipa irá actuar, devendo estar ajustada às necessidades, dimensão e realidade dessa população.

No caso dos fisioterapeutas em particular, estes centram-se no utente avaliando as suas capacidades, funcionalidade, objectivos e expectativas (o que é capaz de fazer, o que precisa de fazer, as suas limitações, etc), analisando os seus sinais e sintomas (dor, fraqueza, etc) e a interacção de todos estes com o meio que o rodeia (não vai à rua porque tem escadas, não se veste sozinho porque a esposa ajuda “demasiado”, etc).
Após um raciocínio clínico são estabelecidos os objectivos para aquele caso específico e posteriormente com a intervenção propriamente dita procuram-se obter os melhores resultados possíveis.
O fisioterapeuta tem assim um papel activo na equipa de cuidados continuados contribuindo para a recuperação, para a maximização da independência e da funcionalidade, para o bem-estar e melhoria da qualidade de vida, para a prevenção de complicações e deterioração do estado de saúde e para o aconselhamento e ensino ao utente e às pessoas que o rodeiam.

Cuidados Continuados (1ª parte)

A população portuguesa está a envelhecer. Em 1960 8% da população era idosa, em 2001 esta percentagem tinha duplicado para 16% e prevê-se, de acordo com projecções do Instituto Nacional de Estatística, que em 2050 32% da população tenha mais de 65 anos de idade. Traduzindo estas percentagens em números, passou-se de 708 570 idosos em 1960 para 1 702 120 em 2001 (987 047 mulheres e 715 073 homens).
Com o avançar da idade aumentam também os problemas de saúde, as limitações dos indivíduos e a dependência que deles pode advir. Estima-se que, em Portugal, um terço das pessoas com mais de 65 anos precisa de ajuda para realizar as suas actividades da vida diária, como tomar banho, vestir-se, etc.
Para além do envelhecimento existem ainda outras alterações epidemiológicas e sociais que se têm verificado nos últimos anos, existindo pessoas de várias idades e com diversos problemas, sem autonomia ou com necessidades muito específicas, por exemplo, casos de jovens e adultos jovens tetraplégicos, com sequelas de AVC, cancros, etc.

Para responder a estas novas necessidades de saúde e sociais, por mais ou menos longos períodos de tempo, houve que procurar organizar um tipo de cuidados que fosse personalizado, de proximidade e dirigido às especificidades da condição de cada pessoa.
Surgiram assim os Cuidados Continuados Integrados que se definem como “o conjunto de intervenções sequenciais de saúde e ou de apoio social, decorrente de avaliação conjunta, centrados na recuperação global entendida como o processo terapêutico e de apoio social, activo e contínuo, que visa promover a autonomia melhorando a funcionalidade da pessoa em situação de dependência, através da sua reabilitação, readaptação e reinserção familiar e social (alínea a) do artigo 3.º do Decreto-Lei n.º 101/2006, de 6 de Junho) ”.
De uma forma simplificada, pode-se dizer que com os cuidados continuados procura-se ir ao encontro do doente que está dependente, esteja ele em casa, no hospital, num lar, etc, e levar-lhe todos os cuidados de que necessita, através da actuação de médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, assistentes sociais, psicólogos, etc, pelo tempo que for necessário.

A Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados (RNCCI) foi criada em 2006 pelos Ministérios do Trabalho e da Solidariedade Social e da Saúde e é formada por várias instituições públicas e privadas que prestam cuidados de saúde e de apoio social.
Esta rede tem como principais objectivos:
· desenvolver acções próximas das pessoas dependentes;
· investir em cuidados de longa duração por todo o país;
· qualificar e humanizar a prestação de cuidados;
· potenciar os recursos locais e adequar as respostas às necessidades individuais.

Para aceder à RNCCI tem de existir uma proposta feita por um hospital ou um centro de saúde. Esta é feita porque os profissionais do hospital ou do centro de saúde detectaram essa necessidade ou porque o próprio utente ou respectiva família a demonstraram. Depois a equipa coordenadora local da RNCCI analisa o caso e os cuidados necessários, verificando se foram cumpridos todos os critérios de referenciação, e decide qual o melhor recurso da RNCCI para aquele caso especifico, tendo em conta as necessidades do utente e da sua família.
Por isso já sabe, se você ou um familiar seu precisarem de cuidados continuados, não hesite em falar com o seu médico de família ou qualquer outro profissional do hospital, se estiver internado, ou do centro de saúde. Eles saberão como proceder e dizer-lhe se o seu caso é indicado para receber cuidados continuados ou não.