terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Cuidados Continuados (1ª parte)

A população portuguesa está a envelhecer. Em 1960 8% da população era idosa, em 2001 esta percentagem tinha duplicado para 16% e prevê-se, de acordo com projecções do Instituto Nacional de Estatística, que em 2050 32% da população tenha mais de 65 anos de idade. Traduzindo estas percentagens em números, passou-se de 708 570 idosos em 1960 para 1 702 120 em 2001 (987 047 mulheres e 715 073 homens).
Com o avançar da idade aumentam também os problemas de saúde, as limitações dos indivíduos e a dependência que deles pode advir. Estima-se que, em Portugal, um terço das pessoas com mais de 65 anos precisa de ajuda para realizar as suas actividades da vida diária, como tomar banho, vestir-se, etc.
Para além do envelhecimento existem ainda outras alterações epidemiológicas e sociais que se têm verificado nos últimos anos, existindo pessoas de várias idades e com diversos problemas, sem autonomia ou com necessidades muito específicas, por exemplo, casos de jovens e adultos jovens tetraplégicos, com sequelas de AVC, cancros, etc.

Para responder a estas novas necessidades de saúde e sociais, por mais ou menos longos períodos de tempo, houve que procurar organizar um tipo de cuidados que fosse personalizado, de proximidade e dirigido às especificidades da condição de cada pessoa.
Surgiram assim os Cuidados Continuados Integrados que se definem como “o conjunto de intervenções sequenciais de saúde e ou de apoio social, decorrente de avaliação conjunta, centrados na recuperação global entendida como o processo terapêutico e de apoio social, activo e contínuo, que visa promover a autonomia melhorando a funcionalidade da pessoa em situação de dependência, através da sua reabilitação, readaptação e reinserção familiar e social (alínea a) do artigo 3.º do Decreto-Lei n.º 101/2006, de 6 de Junho) ”.
De uma forma simplificada, pode-se dizer que com os cuidados continuados procura-se ir ao encontro do doente que está dependente, esteja ele em casa, no hospital, num lar, etc, e levar-lhe todos os cuidados de que necessita, através da actuação de médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, assistentes sociais, psicólogos, etc, pelo tempo que for necessário.

A Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados (RNCCI) foi criada em 2006 pelos Ministérios do Trabalho e da Solidariedade Social e da Saúde e é formada por várias instituições públicas e privadas que prestam cuidados de saúde e de apoio social.
Esta rede tem como principais objectivos:
· desenvolver acções próximas das pessoas dependentes;
· investir em cuidados de longa duração por todo o país;
· qualificar e humanizar a prestação de cuidados;
· potenciar os recursos locais e adequar as respostas às necessidades individuais.

Para aceder à RNCCI tem de existir uma proposta feita por um hospital ou um centro de saúde. Esta é feita porque os profissionais do hospital ou do centro de saúde detectaram essa necessidade ou porque o próprio utente ou respectiva família a demonstraram. Depois a equipa coordenadora local da RNCCI analisa o caso e os cuidados necessários, verificando se foram cumpridos todos os critérios de referenciação, e decide qual o melhor recurso da RNCCI para aquele caso especifico, tendo em conta as necessidades do utente e da sua família.
Por isso já sabe, se você ou um familiar seu precisarem de cuidados continuados, não hesite em falar com o seu médico de família ou qualquer outro profissional do hospital, se estiver internado, ou do centro de saúde. Eles saberão como proceder e dizer-lhe se o seu caso é indicado para receber cuidados continuados ou não.

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