terça-feira, 22 de junho de 2010

A lesão no desportista de alta competição (3ª parte)

Eu tinha um professor que dizia que “a actividade física traz saúde, mas para praticar desporto é preciso ter saúde”.
Por outras palavras, praticar uma actividade física é bom para a saúde, mas para que uma pessoa consiga praticar um desporto de alta competição tem de estar em boa forma física. Para isso, o atleta não pode sofrer lesões, ou se as sofrer terá de ter uma recuperação que o deixe quase a cem por cento.

Tornar a actividade desportiva o mais segura possível está na mão dos vários intervenientes, por exemplo, do próprio desportista, do treinador, dos dirigentes desportivos, dos profissionais de saúde (médico, fisioterapeuta) e dos responsáveis pela manutenção dos equipamentos.

As lesões têm de ser prevenidas, ou seja, tudo deve ser feito para, dentro do possível, evitar que estas aconteçam, que tenham consequências mais graves do que o normal e que ocorram de forma crónica (ex: entorses consecutivas no mesmo local). Para tal há que ter em conta:
• o estado de saúde do atleta – devendo ser periodicamente submetido a uma avaliação detalhada (para detectar anomalias em que a prática de desporto seja contra-indicada, medir e pesar, avaliar força, detectar lesões numa fase precoce, etc), ter uma alimentação adequada, aprender a lidar com elevados níveis de ansiedade,…;
• o treino e a competição – a adequação à idade do atleta, à sua condição física, às características do desporto e às condições atmosféricas (no frio ter ainda mais atenção ao aquecimento realizado, evitar as horas de maior calor, chuva e neve propiciam a quedas), a realização de um bom aquecimento e bom arrefecimento, o respeito pelos períodos de descanso, a intensidade do treino e das competições, o evitar da sobrecarga de treino e competição que levem a fadiga, etc;
• o gesto técnico – o movimento que o atleta executa mais frequentemente no desporto que pratica (ex: o remate no futebol, o serviço no voleibol, o encestar no basquetebol) deve ser executado de uma forma eficiente, ou seja, obtendo o melhor resultado possível com o mínimo de esforço, e de modo a prevenir lesões, por isso, há que estudar as características do desportista, treinar a sua coordenação, ensinar-lhe como se deve mover e qual a melhor postura para o corpo, ter em atenção o número de vezes que repete esse gesto…;
• o equipamento utilizado – se é adequado ao atleta e à situação em que ele tem de o usar, por exemplo, ao tipo de desporto que vai fazer (ex: sapatilhas com pitons para o futebolista se deslocar na relva e sapatilhas com câmara de ar para o basquetebolista), ao clima, ao piso onde se desloca (sintético, alcatrão, terra batida, água), e ainda o estado de conservação do equipamento (solas gastas) e do piso (molhado, com buracos, mal nivelado, má qualidade da água);
• o papel do treinador e dirigentes – estarem informados sobre prevenção de lesões e actuação no momento em que estas ocorrem (não desvalorizarem as lesões, direccionar o atleta para profissionais de saúde), disponibilizarem material e fundos monetários (para comprar sapatilhas novas, ter material de boa qualidade e adequado, tratar correctamente dos campos, fornecer ao atleta acompanhamento de profissionais de saúde), não pressionarem os atletas para obterem resultados para além das suas capacidades (se tiveram uma lesão recente, se começaram a treinar há pouco tempo), etc;
• o acompanhamento do desportista por profissionais de saúde – para avaliarem a condição física do atleta, informarem-no sobre a melhor forma de praticar o desporto (gesto técnico, movimento corporal), aconselharem sobre a utilização de materiais que ajudem na prevenção de lesões ou na recorrência das mesmas (joelheiras, punhos elásticos, bandas neuromusculares, ligaduras funcionais), intervirem na recuperação pós-esforço, ajudarem os treinadores e dirigentes na planificação do esquema de treino e na escolha do material que é utilizado, etc.

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