segunda-feira, 7 de junho de 2010

Peças sobresselentes (3ª parte)

Para que tudo corra da melhor maneira, quando é necessário colocar “peças sobresselentes” é preciso tomar determinadas medidas antes e após a colocação das mesmas. O acompanhamento médico, fisioterapêutico e ortoprotésico é essencial, variando a intervenção de cada profissional se for colocada uma prótese interna ou uma prótese externa.
No caso das “peças” colocadas no interior do organismo, ou seja, as próteses internas como a prótese do joelho ou a prótese da anca (para as quais se referem a maioria dos exemplos que vou dar a seguir), de um modo geral, deve proceder da seguinte forma:
1. Antes da cirurgia
• seguir as recomendações médicas – como parar de tomar determinados medicamentos, levar para o hospital um auxiliar de marcha (um andarilho, umas canadianas), etc;
• preparar-se para o pós-cirúrgico – “arrumar” a sua casa de forma a não ter obstáculos (tapetes, fios eléctricos, excesso de móveis) no caminho e se necessário colocar corrimões e barras de apoio (nas escadas, junto à sanita, à banheira, à cama), pôr a jeito uma cadeira alta para se sentar e colocar à mão as coisas que vai precisar quando voltar para casa (um livro para se entreter, lenços de papel, uma garrafa de água), informar-se sobre os contactos de serviços de saúde de assistência ao domicilio (enfermeiros, fisioterapeutas) para o caso de ser necessário, arranjar alguém (uma vizinha, um familiar, uma empregada doméstica) com disponibilidade para a/o ajudar em casa e com as actividades da vida diária (tomar banho, lavar o chão, fazer a comida,…), etc;
• realizar Fisioterapia – para que o fisioterapeuta possa ensinar-lhe exercícios que deverá fazer logo após a colocação da prótese, informá-lo sobre os movimentos e as posturas que devem ser evitados após a cirurgia e, se for necessário, intervir sobretudo para melhorar a força dos músculos que têm acção sobre a articulação que vai ser intervencionada;
2. Após a cirurgia e ainda no período de internamento
• tomar a medicação que lhe for indicada, falar com os enfermeiros ou com o seu médico se sentir muita dor ou outro sintoma anormal e esclarecer as suas dúvidas com os profissionais de saúde;
• proceder ao levante (passar da posição de deitado para de pé) nas 24 horas após a cirurgia e enquanto estiver deitado permanecer na posição que lhe for recomendada (por exemplo, não se deve deitar para o lado onde foi colocada a prótese na anca nem rodar o pé desse lado para dentro), sem batotas;
• realizar Fisioterapia – para que comece o mais cedo possível o seu plano de tratamento e desta forma evitar retracções, enfraquecimento muscular e limitações das amplitudes de movimento, com consequentes limitações funcionais. Nesta fase o fisioterapeuta irá fazer mobilização, massagem, ajudá-lo a realizar alguns exercícios, informá-lo sobre os cuidados a ter quando for para casa, esclarecer as suas dúvidas e ensinar-lhe qual é a melhor forma para estar sentado, deitado (os cuidados com o posicionamento da zona que foi operada) e para se mexer (levantar-se da cama, andar com auxiliar de marcha, usar a sanita, tomar banho com ajuda, etc);
3. Após a alta
• contactar o seu médico ou dirigir-se às urgências se achar que se passa algo de errado consigo, por exemplo, se ficar com febre, se sentir muita dor, se ouvir um estalo, se ficar muito inchada a zona em que foi operado ou se a cicatriz da cirurgia estiver muito vermelha, quente, com pus ou sangue;
• ter os cuidados necessários para evitar quedas – usar calçado anti-derrapante, não andar sobre pisos escorregadios ou molhados, ter cuidado com a saída e entrada da banheira/polibã, evitar passar por cima de tapetes que possam deslizar, que sejam muito grossos ou estejam engelhados (o ideal é não ter tapetes em casa), etc;
• realizar Fisioterapia – no seu domicilio, numa clínica ou no hospital, seja onde for, é necessário que continue a ser seguido pelo fisioterapeuta para que o seu corpo se habitue à nova “peça” e para que esta possa fazer com que o mesmo funcione da melhor forma possível. Para além do que já era feito, o tratamento vai-se tornando cada vez mais intensivo, aumentando o número de repetições dos exercícios e a sua exigência, incrementando as amplitudes de movimento e a resistência para a realização de força, realizando treino de actividades da vida diária (subir e descer escadas, entrar e sair do carro, tomar banho sozinho, treino de marcha com ou sem auxiliar – ex: canadianas), etc;
4. Ao longo do tempo
• realizar Fisioterapia – o tempo que for necessário, pois cada caso é um caso e há situações em que a recuperação é mais rápida e outros em que é mais lenta;
• evitar determinadas situações – exagerar no número de vezes que faz uma tarefa (como subir escadas) ou no peso dos objectos que levanta ou empurra e ficar em determinadas posições ou fazer movimentos prejudiciais (ajoelhar-se, sentar-se em sofás baixos,…);
• ter um estilo de vida saudável – como qualquer outra pessoa deverá ter um peso adequado, manter-se activo, fazer desporto (nunca desportos de alto impacto, mas sim actividades mais calmas como caminhar, danças de salão, hidroginástica) consultando sempre o seu médico antes de iniciar a modalidade que pretende;
• referir que tem uma prótese – quando for a outras consultas médicas, se tiver outro problema de saúde, se for fazer outros tratamentos de Fisioterapia, etc;
• não se esquecer que a prótese também se estraga – o tempo que a sua prótese durará dependerá de vários factores, como a exigência das actividades que faz e o seu peso corporal, pois a sua articulação “sobresselente” também se desgasta, tal como a que “já vinha de origem”.

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